Sexta-feira, 10 de outubro de 2025

De vítima a inspiração: policial militar transforma dor em força para mulheres em MS

História de superação de Naira Jana motivou criação da primeira Corrida e Caminhada Lilás em Rio Verde de Mato Grosso.
corrida-lilas

Aos 45 anos, a policial militar Naira Jana se tornou referência na luta contra a violência doméstica em Mato Grosso do Sul. Moradora de Rio Verde de Mato Grosso há 16 anos, Naira foi a idealizadora da primeira Corrida e Caminhada Lilás da cidade, evento que reuniu cerca de 450 pessoas em 2025.

A trajetória de Naira é marcada pela superação. Quando criança, presenciou uma tentativa de feminicídio contra sua mãe, cometida pelo próprio pai. Aos oito anos, viu o pai ferir gravemente sua mãe antes de tirar a própria vida. Hoje, a mãe de Naira, com 79 anos, segue sendo um exemplo de resistência, apesar do estágio avançado de demência.

“Meu pai deu seis facadas na minha mãe e depois se matou. Ela sobreviveu e me criou. Mesmo debilitada, é um exemplo de força e superação”, relata Naira.

Aos 29 anos, já como policial militar, Naira também enfrentou um relacionamento abusivo. Para recomeçar, mudou-se para Rio Verde de Mato Grosso com os três filhos, buscando um novo caminho longe da violência.

“Vim para cá para recomeçar. Enfrentei a violência na minha própria vida, mas isso só aumentou minha vontade de ajudar outras mulheres a romperem esse ciclo”, explica.

Corrida e Caminhada Lilás: movimento que inspira

A experiência pessoal e profissional motivou Naira a criar a Corrida e Caminhada Lilás. Para ela, o ato de se movimentar simboliza a coragem necessária para romper o medo e buscar ajuda.

“Muitas mulheres em situação de violência se sentem fragilizadas. Ao se movimentarem, elas encontram força para pedir ajuda e denunciar”, afirma.

Desde 2003 na Polícia Militar e atuando diretamente no enfrentamento à violência contra a mulher desde 2017, Naira coordena ações de proteção, como rondas diárias, abrigos emergenciais e acompanhamento psicológico às vítimas. Ela comemora que, nos últimos anos, mais mulheres têm coragem de denunciar e buscar medidas protetivas.

“Antes, muitas não tinham coragem de denunciar. Hoje, vemos mulheres pedindo ajuda e buscando se afastar do agressor. Isso é um grande avanço”, conclui. (GE MS)

Naira e a mãe

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