Sexta-feira, 10 de outubro de 2025

CPMI: ex-presidente do INSS ignorou alertas da CGU sobre fraudes em descontos

Diretora afirma que órgão se omitiu e que prejuízo pode chegar a R$ 6,3 bilhões.
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A diretora de Auditoria de Previdência da Controladoria-Geral da União (CGU), Eliane Viegas Mota, afirmou na quinta-feira (4), em depoimento à CPMI do INSS, que o ex-presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, não acatou recomendações para suspender descontos automáticos de associações em aposentadorias e pensões.

Segundo Eliane, a CGU se reuniu com o INSS em julho de 2024 para discutir soluções diante do aumento de descontos não autorizados. Stefanutto, no entanto, questionou os dados apresentados e manteve os acordos que permitiam os débitos até abril de 2025, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Sem Desconto. Ele acabou afastado e posteriormente demitido.

Não foram suspensos os acordos de cooperação técnica. Os descontos continuaram até abril de 2025 e só pararam após a operação da Polícia Federal — destacou a auditora.

Prejuízo bilionário

De acordo com a CGU, os valores desviados chegaram a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Só a Contag, maior associação investigada, recebeu cerca de R$ 3,4 bilhões na última década. Das 40 entidades que faziam descontos ativos, todas apresentaram algum tipo de irregularidade.

Não existe nenhuma das entidades que possamos dizer que não exista algum tipo de inconformidade — afirmou Eliane.

Parlamentares pedem cautela

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), questionou a falta de reação diante do salto de descontos:

Eu já acho um absurdo descontar R$ 500 milhões, sendo 97,6% de fraude. Mas como que esse valor saltou para quase R$ 4 bilhões em um ano sem que ninguém agisse? — indagou.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) defendeu que o Parlamento tenha cautela em eventuais pedidos de bloqueio judicial contra entidades.

Algumas instituições têm história de acolhimento e apoio ao trabalhador rural. O problema é que foram aparelhadas por militâncias e invadidas por bandidos. Precisamos identificar os criminosos que usaram essas entidades, como a Contag, por exemplo — disse.

Crescimento acelerado

Os dados apresentados pela CGU mostram que os descontos saltaram de R$ 387 milhões em 2015 para R$ 3,4 bilhões em 2024. O aumento mais forte ocorreu nos últimos anos:

  • 2021: R$ 564 milhões
  • 2022: R$ 784 milhões
  • 2023: R$ 1,64 bilhão
  • 2024: R$ 3,4 bilhões

Fonte: Agência Senado

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