Após seis meses de investigações na Câmara Municipal, o relatório final da CPI do Transporte Coletivo de Campo Grande foi entregue há um mês, mas pouco mudou na prática. O documento, com mais de 800 páginas, aponta possíveis irregularidades financeiras no Consórcio Guaicurus, descumprimento de contrato e falhas na fiscalização por parte da Prefeitura.
Relatório sob análise
O relatório foi concluído em 12 de setembro, mas só chegou aos órgãos de controle — Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público Estadual (MPMS) — no dia 3 de outubro, com atraso de três semanas.
O presidente da CPI, vereador Dr. Lívio (União), explicou que o atraso ocorreu porque faltava a assinatura de um dos membros da comissão. Ele cobrou da prefeitura medidas efetivas, como a substituição de quase 200 ônibus e melhorias nas condições das agências.
“Esperamos que a prefeitura cobre do Consórcio Guaicurus a troca dos veículos e melhore o serviço. A responsabilidade agora é da prefeitura”, afirmou o parlamentar.
O que diz a Prefeitura
Em nota, a Prefeitura de Campo Grande informou que a Agereg (Agência Municipal de Regulação) manteve a penalidade ao consórcio e determinou a substituição dos ônibus em más condições. A agência também intensificou as fiscalizações, aplicando mais de 20 notificações em setembro, mas não informou prazos para o cumprimento das medidas.
Fiscalização em andamento
O TCE-MS informou que o conselheiro Waldir Neves autorizou uma nova fiscalização técnica a pedido da Câmara. O processo está em fase de análise no Ministério Público de Contas (MPC) e, após o parecer, o conselheiro deve apresentar decisão final.
Já o MPMS confirmou o recebimento do relatório no início de outubro e disse que o documento foi encaminhado às promotorias especializadas para avaliação.
População cobra resultados
Enquanto isso, os usuários do transporte público seguem enfrentando atrasos, superlotação e ônibus quebrados.
“A gente depende do ônibus pra tudo, mas é sempre o mesmo problema: atraso, lotação e quebra. Parece que nada mudou”, disse a cuidadora social Mirian de Almeida.
O Consórcio Guaicurus foi procurado para comentar os desdobramentos da CPI, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.
Resumo: Um mês após a entrega do relatório da CPI do Transporte Coletivo, nenhuma medida prática foi implementada. O documento está sob análise dos órgãos de controle, e a população ainda espera melhorias no serviço prestado pelo Consórcio Guaicurus. (Primeira Página)