Segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Empresário admite ter criado empresas para prestar serviços à Conafer, investigada por fraudes no INSS

Em depoimento à CPMI, Cícero Marcelino reconheceu movimentação de valores milionários, mas negou envolvimento direto em lavagem de dinheiro.
imagem_materia

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS ouviu nesta quinta-feira (16) o depoimento de Cícero Marcelino de Souza Santos, ligado à Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer). Ele admitiu ter criado diversas empresas para atender demandas da entidade, chefiada por Carlos Roberto Ferreira Lopes, apontado pela Polícia Federal como um dos principais investigados por suspeita de fraudes contra aposentados e pensionistas.

Segundo a Polícia Federal, a Conafer é uma das associações envolvidas no esquema de descontos indevidos em benefícios do INSS. Cícero Marcelino, assessor de Carlos Lopes, foi alvo da Operação Sem Desconto, e reconheceu que suas empresas receberam valores da confederação, mas alegou que apenas fazia pagamentos conforme planilhas repassadas por Lopes.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), afirmou que documentos mostram movimentações que somam cerca de R$ 300 milhões entre as empresas de Marcelino e a Conafer. Ele classificou o depoente como um “duto de passagem” em um esquema de lavagem de dinheiro. Marcelino, porém, negou ter se beneficiado pessoalmente. “Esse dinheiro no meu bolso nunca existiu. Eu apenas fazia os pagamentos”, afirmou.

Entre as empresas citadas estão To Hire Locadora, Santos Consultoria, Terra Bank Holding e Nobre Serviços de Eventos. O relator informou que uma delas, a IBC Prudente Apoio Administrativo, recebeu R$ 16 milhões da Conafer e repassou valores para uma empresa da esposa de Carlos Lopes.

O depoente também admitiu ter feito transferências para Lopes, em valores entre R$ 20 mil e R$ 1 milhão, mas disse não saber o destino final dos recursos. Ele negou ter pago propina a servidores ou parlamentares e afirmou nunca ter ocupado cargo formal na Conafer.

Questionado sobre serviços prestados, Marcelino informou que suas empresas chegaram a alugar cerca de 40 veículos, principalmente caminhonetes, parte delas utilizadas em comunidades indígenas.

O relator chegou a cogitar pedir a prisão do depoente, mas desistiu, afirmando que Marcelino seria apenas uma peça menor dentro do esquema. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), destacou que as investigações continuam e prometeu “respostas firmes e um relatório esclarecedor” sobre as fraudes envolvendo a Conafer e o INSS. (Agência Senado)

Compartilhe

Facebook
LinkedIn
X
WhatsApp

Cada comentário é de responsabilidade exclusiva de seu autor. Reservamo-nos o direito de recusar ou remover quaisquer comentários que não estejam alinhados com o objetivo do site ou que contenham linguagem ofensiva.

Mais notícias ou vídeos