O empresário Domingos Sávio de Castro compareceu nesta terça-feira (28) à CPMI do INSS, no Senado, mas evitou responder a maioria das perguntas, amparado por um habeas corpus concedido pelo ministro Luiz Fux, do STF, que lhe garantiu o direito ao silêncio.
Castro é investigado por suposta participação em um esquema que teria desviado cerca de R$ 500 milhões de aposentados e pensionistas por meio de entidades e empresas ligadas ao sistema previdenciário.
Negou envolvimento
Durante o depoimento, o empresário disse atuar como corretor de seguros em Brasília, com mais de 50 funcionários, e negou qualquer ligação com fraudes.
“Minha empresa não interfere em contracheques de idosos”, afirmou. Ele também disse que contratos de atendimento telefônico permitiram devolver R$ 45 milhões a segurados que tiveram descontos indevidos.
Citação em investigações e condenação anterior
Segundo o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), Castro aparece em documentos que mostram repasses de empresas e associações ao lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.
O relator apontou que o empresário seria sócio ou ex-sócio das empresas DM&H Assessoria e ACDS Call Center, além de ter recebido recursos de entidades como a Abraprev e a Abapen.
Gaspar ainda destacou que Castro já foi condenado por organização criminosa na Operação Strike, da Polícia Civil do Distrito Federal, e recorre da decisão.
Silêncio e tensão na comissão
Diante dos questionamentos, Castro respondeu apenas parte das perguntas e permaneceu em silêncio na maioria delas. A atitude gerou críticas entre parlamentares.
O senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente da CPMI, disse que vai pedir ao STF a prisão do empresário, alegando que o silêncio “soa como um grito de culpa”.
“Os aposentados confiaram no Estado e foram traídos. O silêncio é a forma mais covarde da cumplicidade”, afirmou Viana.
Outros senadores, como Izalci Lucas (PL-DF) e Rogério Marinho (PL-DF), apontaram movimentações financeiras suspeitas nas empresas de Castro e defenderam que a comissão siga investigando o caso.
Já a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) reconheceu o direito do empresário de permanecer calado, mas criticou o uso político das investigações.
A CPMI segue apurando o suposto esquema de desvios bilionários de benefícios previdenciários, que teria sido operado por meio de associações e empresas conveniadas ao INSS. (Agência Brasil)