Sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Governo Federal é criticado por obras paradas; Lula cobra punição a gestores

Presidente inaugura escolas no Marajó, mas atraso de mais de uma década expõe descaso do poder público.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na quinta-feira (2) que gestores que deixam obras públicas paradas deveriam ser presos por irresponsabilidade. A declaração foi feita em Breves, no Pará, durante a entrega de três unidades de ensino na Ilha do Marajó – uma delas começou a ser construída em 2011 e ficou anos abandonada, junto com mais de 100 outras obras na região.

A situação no Marajó reflete um problema nacional: milhares de empreendimentos federais iniciados em gestões passadas foram paralisados e só agora estão sendo retomados. Segundo o governo, 2.544 obras estão aprovadas para recomeçar no país, mas apenas 507 foram concluídas.

“Obras estão sendo inauguradas 15 anos depois. Eu, sinceramente, acho que muitos administradores públicos deveriam ser presos por irresponsabilidade. Quando você deixa uma obra paralisada porque foi seu adversário que começou, está desrespeitando a população”, criticou Lula.

Atrasos e abandono

A creche Professor Afonso Brito da Cruz, inaugurada nesta quinta-feira, é um exemplo do abandono: começou a ser erguida em 2011 e só foi concluída agora. O governo também entregou as escolas São Sebastião Rio Limão do Japichaua, em Breves, e Francisco Chagas da Costa, em Melgaço.

Além disso, foi assinada a ordem de serviço para retomar outras sete obras de educação em Melgaço, com investimento de R$ 3 milhões, incluindo a construção de escolas, uma creche e uma quadra escolar.

Para a retomada dessas e de outras obras, o governo federal anunciou R$ 126,9 milhões do Novo PAC. O volume de recursos, porém, evidencia o custo dos atrasos e da má gestão dos últimos anos.

Déficit histórico

Atualmente, 115 obras de educação seguem paradas na Ilha do Marajó. Muitas delas ficaram no abandono por anos, prejudicando milhares de crianças e jovens sem acesso adequado a escolas. O cenário, segundo críticos, mostra a falta de planejamento e de compromisso do poder público federal e estadual.

Além das obras, Lula prometeu ampliar o acesso à água potável, à energia elétrica, à saúde e anunciou planos para construir uma universidade na região. No entanto, lideranças locais afirmam que promessas semelhantes já foram feitas em outras gestões e nunca saíram do papel.

Programa emergencial

Para tentar acelerar os trabalhos, o governo incluiu o Marajó no programa FNDE Chegando Junto, lançado para destravar projetos de educação em áreas carentes. O programa já atendeu o Amapá e, na segunda etapa, foi estendido a Maranhão e Roraima.

Apesar das iniciativas, o grande número de obras inacabadas revela o impacto negativo da descontinuidade administrativa e da falta de fiscalização nos investimentos públicos.

A visita de Lula também incluiu uma parada em Belém para acompanhar obras ligadas à preparação da cidade para sediar a COP30, em novembro. Críticos alertam que, se não houver maior controle e agilidade, a capital paraense pode enfrentar problemas semelhantes aos que marcaram o abandono das escolas no interior. (Agência Brasil)

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