Guilherme tinha apenas quatro anos quando a vida mudou de forma inesperada. Em poucas horas, o menino ativo e alegre viu seu corpo ficar rígido e paralisado. O diagnóstico médico foi duro: síndrome de Guillain-Barré, com a possibilidade real de que ele nunca mais pudesse andar.
Mas a história de Guilherme não seria definida por limitações. Hoje, graças ao trabalho dedicado do Centro de Equoterapia do Sindicato Rural de Maracaju, com apoio do Senar/MS, ele não apenas voltou a andar: corre, pula, joga futebol e, principalmente, redescobriu a infância.
“Eu vi meu filho renascer. Cada movimento era uma vitória. É algo praticamente sobrenatural”, emociona-se Samara Marques, mãe de Guilherme.
O começo da luta
Na madrugada em que tudo começou, Samara percebeu que o filho não sentia as pernas. Em poucas horas, seus braços e mãos ficaram rígidos. O primeiro diagnóstico foi minimizado como “dor de crescimento”, mas a realidade logo se mostrou mais grave. Guilherme precisou ser levado rapidamente a Campo Grande, com movimentos restritos e comprometimento de órgãos internos. Iniciou tratamento agressivo com imunoglobulina, medicamento derivado do soro de cavalo, que buscava conter a progressão da doença.
“Ele se tornou dependente, precisávamos carregá-lo para tudo. Foi um período muito difícil”, lembra a mãe.
Mesmo após alta hospitalar, os médicos alertaram: a recuperação era improvável. Guilherme foi considerado, na prática, tetraplégico. Mas Samara não desistiu. Pesquisou terapias alternativas e descobriu a equoterapia, oferecida gratuitamente pelo Sindicato Rural de Maracaju com apoio do Senar/MS.
O poder da equoterapia
A primeira sessão de Guilherme marcou o início de uma transformação. Sentado sobre o cavalo, frágil e dependente, ele deu o primeiro movimento tímido de um dedo. Para qualquer observador, poderia parecer pequeno; para Samara, foi o gol da vitória no último minuto.
Em poucas sessões, Guilherme já conseguia se equilibrar sozinho sobre o cavalo. Em seguida, voltou a pedalar, caminhar com órteses e, gradualmente, reconquistou sua independência. Hoje, aos sete anos, ele corre, pula e defende gols como qualquer criança da sua idade, mantendo a paixão pelos cavalos que o ajudaram a vencer limites.
Passo a passo para a transformação
O Centro de Equoterapia de Maracaju foi inaugurado em novembro de 2017 pelo Sindicato Rural, com apoio técnico do Senar/MS e parceria da prefeitura. Uma equipe multidisciplinar acompanha cada praticante no parque de exposições do município. O centro é um dos cinco no estado que recebem suporte pelo programa “Passo a Passo”, do Senar/MS, que apoia a criação e funcionamento de centros de equoterapia.
“Atualmente, o centro é referência no município. O Senar/MS garante capacitação da equipe, equipamentos e materiais, como selas e mantas. Sem essa parceria, nosso trabalho seria muito mais difícil”, explica Cláudia Nogueira, gerente do Sindicato Rural de Maracaju.
O caso de Guilherme é exemplo vivo do impacto da ecoterapia. “Ver uma criança que chegou sem andar e, em poucas sessões, transforma a vida da família é gratificante. É um testemunho de que qualquer dificuldade pode ser superada”, destaca Cláudia.
Um futuro reencontrado
A história de Guilherme mostra que, quando técnica, dedicação e amor se unem, diagnósticos deixam de ser sentença. Sobre o dorso de um cavalo, com olhar voltado para frente, um menino reencontrou a própria infância e a alegria de correr atrás de seus sonhos.
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Fonte: Famasul
