A produção industrial brasileira caiu 0,2% em julho na comparação com junho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (3) pelo IBGE. O setor já acumula quatro meses seguidos sem crescimento, resultado que expõe os efeitos dos juros altos e a falta de políticas eficazes do governo para estimular a economia.
De abril a julho, a indústria soma queda de 1,5%. Esse é o pior desempenho em sequência desde o período de novembro de 2022 a fevereiro de 2023. Mesmo em relação a julho do ano passado, o avanço é quase nulo, de apenas 0,2%.
Juros altos e inflação fora de controle
A Selic está em 15% ao ano, o nível mais alto desde 2006. Os juros encarecem o crédito, aumentam a inadimplência e desestimulam consumo e investimentos, freando a produção. Apesar disso, o governo não consegue controlar a inflação, que acumula 5,23% em 12 meses — acima do teto da meta, que é de 4,5%.
Setores em queda
Entre junho e julho, 13 dos 25 ramos industriais registraram retração. Os principais foram:
- impressão e reprodução de gravações (-11,3%)
- outros equipamentos de transporte (-5,3%)
- manutenção e instalação de máquinas e equipamentos (-3,7%)
- metalurgia (-2,3%)
- bebidas (-2,2%)
- informática e eletrônicos (-2%)
Apenas alguns setores, como o farmacêutico (7,9%) e alimentício (1,1%), conseguiram crescer.
Governo sem rumo
Especialistas apontam que a política econômica atual tem sufocado a indústria. Além disso, a ameaça de taxações dos EUA sobre exportações brasileiras aumentou a incerteza dos empresários. O resultado confirma um cenário de estagnação e mostra que o governo não tem conseguido dar respostas eficazes para reverter a perda de fôlego da produção nacional. (Agência Brasil)