O governo de Israel aprovou nesta quinta-feira (9) o acordo de paz com o Hamas, que prevê um cessar-fogo na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns ainda mantidos pelo grupo terrorista. O cessar-fogo deve começar em até 24 horas.
O acordo foi elaborado pelos Estados Unidos, com apoio do Egito, Catar e Turquia, e assinado pelo Hamas mais cedo, quando o grupo declarou o fim da guerra contra Israel.
Liberação de reféns e prisioneiros
O Hamas deverá libertar todos os reféns — vivos ou mortos — em até 72 horas. Segundo o governo israelense, 48 pessoas ainda estão sob poder do grupo, das quais 20 estariam vivas. O restante teria morrido em cativeiro.
Em contrapartida, Israel deverá libertar cerca de 2 mil prisioneiros palestinos, incluindo condenados à prisão perpétua.
Um dos maiores desafios do acordo é a devolução dos corpos de reféns mortos, já que o Hamas admite não saber onde estão todos.
Nesta quinta-feira, a Turquia informou que uma força-tarefa internacional foi criada para ajudar o grupo a localizar esses corpos em diferentes regiões de Gaza. Estima-se que seis ou sete corpos ainda estejam desaparecidos.
Fim dos ataques e retirada gradual das tropas
O plano também determina o fim imediato dos bombardeios na Faixa de Gaza. As Forças de Defesa de Israel devem recuar gradualmente para áreas acordadas com o Hamas, reduzindo a ocupação de 75% para 57% do território.
O presidente norte-americano Donald Trump, autor do plano, afirmou que esta é a “primeira fase” e que ainda haverá outras etapas para consolidar a paz. Ele deve viajar a Israel nos próximos dias e foi convidado para discursar no Parlamento.
Resistência dentro do governo israelense
Durante a votação, dois ministros da ala mais radical do governo de Benjamin Netanyahu — Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional) e Bezalel Smotrich (Finanças) — votaram contra o acordo. Ben-Gvir ameaçou derrubar o governo caso o Hamas não seja completamente desmantelado.
Apesar das divergências, o ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa’ar, declarou à Fox News que Israel não pretende continuar a guerra após o início do cessar-fogo.
Pontos ainda indefinidos
Mesmo com o acordo assinado, alguns detalhes permanecem incertos:
- Não está claro se todas as propostas americanas foram aceitas sem alterações.
- A transição de governo na Faixa de Gaza ainda não foi explicada pela Casa Branca.
- Não há confirmação de que o Hamas entregará todas as suas armas.
Enquanto isso, familiares de reféns protestam em Tel Aviv, exigindo o cumprimento integral do acordo e respostas sobre os desaparecidos.
O cessar-fogo representa o fim de quase dois anos de confrontos intensos, que deixaram milhares de mortos e grande destruição em Gaza. (Agência Brasil)