O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, em entrevista à BBC News Brasil, que vetará qualquer proposta de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso o Congresso Nacional aprove o projeto em discussão.
“Se viesse para eu vetar, pode ficar certo de que eu vetaria”, disse Lula nesta quarta-feira (17), no Palácio da Alvorada.
Bolsonaro foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado entre 2021 e 2023. Ele está em prisão domiciliar desde agosto, mas ainda pode recorrer.
Apesar de afirmar que vetaria, Lula destacou que a decisão inicial cabe ao Congresso:
“O presidente da República não se mete em coisa do Congresso. Se os partidos votarem pela anistia, é um problema do Congresso”, disse.
Críticas à “PEC da Blindagem”
Lula também criticou a aprovação da PEC que dificulta investigações contra parlamentares, apelidada de “PEC da blindagem”.
“Se eu fosse deputado, votaria contra. A maior blindagem que alguém precisa é ter um comportamento correto”, afirmou.
Relação com Trump
O presidente ainda comentou a relação com Donald Trump. Segundo ele, o americano nunca quis conversar diretamente com o Brasil sobre as tarifas impostas ao país.
“Eu não tentei ligar porque ele nunca quis conversar. Mas se encontrá-lo na ONU, vou cumprimentar. Eu sou um cidadão civilizado e estendo a mão para todo mundo”, disse.
Questionado se se arrepende de ter associado Trump ao fascismo, Lula respondeu que considera o comportamento do ex-presidente dos EUA ruim para a democracia, mas reforçou que isso não atrapalha a relação entre os países.
COP30 e petróleo
Sobre a COP30, que será realizada no Brasil, Lula afirmou que o país vai sediar a “melhor conferência da história”. Ao ser questionado sobre a exploração de petróleo na Amazônia, disse acreditar que o mundo ainda não está pronto para abrir mão dos combustíveis fósseis, mas ressaltou que a matriz energética brasileira é uma das mais limpas do planeta.
Eleições de 2026
Lula evitou confirmar se será candidato à reeleição. Segundo ele, a decisão dependerá de sua saúde e da conveniência política. “Ainda é cedo. Tenho um ano e meio de governo e muita coisa para fazer”, declarou. (G1)