A megaoperação policial realizada nesta terça-feira (28) no Rio de Janeiro é resultado de uma investigação que durou mais de um ano. O trabalho da polícia identificou 94 integrantes do Comando Vermelho escondidos nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital. Os criminosos são suspeitos de assassinatos, tráfico de drogas e roubos de veículos.
As comunidades, formadas por 27 favelas, ficam próximas à Linha Vermelha e à Linha Amarela — duas vias que ligam regiões estratégicas do Rio, facilitando a fuga dos criminosos. A polícia afirma que as ações da facção são comandadas por dois chefes: Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, preso em um presídio federal, e Edgar Alves de Andrade, o Doca, que está foragido e possui 269 anotações criminais e 26 mandados de prisão.
O Disque-Denúncia aumentou a recompensa pela captura de Doca de R$ 1 mil para R$ 100 mil, o mesmo valor oferecido, no passado, por informações sobre Fernandinho Beira-Mar. Segundo as investigações, Doca liderou a expansão do Comando Vermelho para quase 50 comunidades da capital e da Baixada Fluminense nos últimos quatro anos, principalmente na região da Grande Jacarepaguá, onde a guerra entre facções deixou mais de 800 mortos em três anos.
Além do Rio, o grupo criminoso já atua em 24 estados e no Distrito Federal, segundo dados da Secretaria Nacional de Políticas Penais. Na operação desta terça, 30 dos alvos eram traficantes de outros estados, incluindo líderes da facção na Bahia, Ceará, Pernambuco, Espírito Santo, Rondônia, Amazonas e Pará.
O governador Cláudio Castro atribuiu o avanço do Comando Vermelho à decisão do STF de 2020 (ADPF 635), que restringiu operações policiais em comunidades. Ele afirmou que, apesar das limitações, o Estado vai retomar o controle de áreas dominadas pelo tráfico.
“Essa é uma guerra que já ultrapassou o limite da segurança pública. Precisamos da integração com o governo federal e até do apoio das Forças Armadas”, disse Castro.
O governo do Rio apresentou ao Supremo um plano para reocupar a Grande Jacarepaguá, uma das regiões mais afetadas pela violência. A operação desta terça reforça o esforço das forças de segurança em retomar territórios dominados pelo crime organizado e conter a expansão da maior facção do estado. (G1)