Silas da Costa Vaz, de 42 anos, secretário da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares (Conafer), virou “dono” de aviões avaliados em mais de R$ 3 milhões. Há quatro anos, ele recebia auxílio emergencial durante a pandemia. Hoje, seu nome aparece em documentos de compra e venda de aeronaves, apesar de morar em uma casa simples no Recanto das Emas, no Distrito Federal.
Em entrevista, Silas negou ter comprado os aviões e disse não saber por que sua assinatura consta nos contratos. “Eu assino muitos documentos. Vou procurar meus advogados para entender o que aconteceu”, afirmou.
Aviões em nome do secretário
Um dos aviões é um Beech Aircraft modelo 58P, comprado em junho deste ano por R$ 2,5 milhões. Cinco meses antes, o mesmo avião havia sido adquirido por R$ 1 milhão, indicando valorização de 150% em pouco tempo. O negócio foi feito com Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT), ONG ligada à Conafer e financiada com emendas parlamentares.
O segundo avião é um Cessna 172RG, que já pertenceu ao deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG). O parlamentar vendeu a aeronave em 2023 para Vinícius Ramos por R$ 400 mil. Em 2025, o avião foi transferido para Silas por R$ 700 mil e, logo depois, revendido a um piloto.
Relação com emendas parlamentares
Euclydes Pettersen é considerado aliado político da Conafer. Entre 2022 e 2023, destinou R$ 2,5 milhões em emendas ao ITT para capacitação de agricultores e inseminação de gado em Minas Gerais.
Investigações apontam que parte desses recursos foi desviada por meio de licitações fraudadas. Uma das empresas beneficiadas é a Agropecuária PKST LTDA, ligada a assessores da direção da Conafer, que recebeu mais de R$ 2,1 milhões.
O que dizem os envolvidos
- Silas Vaz (Conafer): afirma que nunca comprou aviões e que pode ter assinado documentos sem perceber.
- Conafer: diz que o ITT não pertence à entidade, apenas faz parte do quadro de associados.
- Deputado Euclydes Pettersen: nega negócios com Vinícius Ramos e diz que vendeu apenas metade do avião a um empresário mineiro.
- ITT e Vinícius Ramos: não se manifestaram. (Metrópoles)