Mesmo preso há quase três anos, o traficante Kleyton de Souza Silva conseguiu comprar um apartamento de alto padrão em Bombinhas (SC). A investigação do Ministério Público revela que, de dentro do presídio de Aquidauana, ele continuava comandando seus negócios ligados ao tráfico de drogas e armas, garantindo recursos suficientes para adquirir o imóvel avaliado em R$ 1,2 milhão.
Segundo o MP, toda a negociação foi feita por Kleyton usando um celular dentro da penitenciária, sem intermediários. O apartamento escolhido, com 115 m², ampla sacada e garagem, fica a apenas 180 metros da praia e está localizado no Ilha da Madeira Residence, um prédio com apenas 14 unidades.
As conversas encontradas no celular do traficante mostram que ele mantinha sua esposa informada sobre o andamento do negócio, mas ela não participava das decisões. As mensagens demonstram entusiasmo com o imóvel e revelam planos de morar no local após progredir de regime.
A investigação aponta também que, dois dias após fechar a compra, Kleyton tentou usar o apartamento como garantia para levantar R$ 350 mil e ampliar os lucros das atividades ilícitas. Ele ainda relatou à tia dificuldades para receber pagamentos de altos valores, indicando que seguia movimentando quantias expressivas mesmo preso.
De acordo com o MP, a tia e a esposa auxiliavam nas negociações externas, enquanto servidores do sistema prisional teriam recebido propina para garantir privilégios ao traficante, como acesso livre a celular e afastamento de outros detentos que atrapalhavam seus negócios.
A compra do imóvel e a manutenção das atividades criminosas de dentro da cadeia tornaram Kleyton o principal alvo da Operação Blindagem, deflagrada no dia 7 de novembro. A ação mirou servidores do Agepen e um policial militar suspeitos de facilitar o esquema.
O apartamento ainda está registrado no nome dos antigos proprietários, residentes no Rio Grande do Sul. A promotoria anexou ao processo diálogos entre Kleyton e o corretor responsável pela negociação, incluindo certidões e documentos do contrato de compra e venda.
O caso reforça como o traficante, mesmo preso, conseguiu manter uma rotina de negócios milionários, planejar o futuro na praia e movimentar patrimônio de alto valor graças ao esquema de facilitação identificado pela operação. (Correio do Estado)