Sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Brasil ainda tem desafio grave na alfabetização das crianças, alertam especialistas

Especialista alerta: sem prioridade política, Brasil pode continuar deixando milhões de crianças sem alfabetização na idade certa.
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O Brasil estabeleceu a meta de que, até o fim de 2025, 64% dos alunos do 2º ano do ensino fundamental estejam plenamente alfabetizados. Porém, os números atuais mostram que o desafio é enorme e preocupante.

Em 2024, a meta era alcançar 60%, mas o resultado foi de apenas 59,2% das crianças alfabetizadas, entre 2 milhões de alunos avaliados em 42 mil escolas. Para 2030, a meta sobe para 80%, mas especialistas alertam que o país corre risco de repetir erros do passado se não houver prioridade política.

Segundo Denis Mizne, CEO da Fundação Lemann, a alfabetização não pode ser tratada como um tema “velho” ou superado:

“Se a criança não aprende a ler no 2º ou 3º ano, ela passa a enfrentar um atraso quase irreversível. Mais tarde, muitas abandonam a escola ou têm desempenho muito baixo”, alertou.

O Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, criado pelo MEC em 2023, já tem adesão de todos os estados e de quase todos os municípios. O programa prevê apoio financeiro e técnico, mas Mizne ressalta que muitos recursos não estão sendo usados de forma eficaz e que é preciso buscar as crianças mais vulneráveis, que estão ficando para trás.

A experiência de municípios pobres que conseguiram alfabetizar a maioria dos alunos, como Sobral (CE), prova que a falta de recursos não pode servir de desculpa. O diferencial, segundo especialistas, é colocar a alfabetização como prioridade central, acompanhar os resultados e apoiar professores e escolas com mais dificuldades.

A situação preocupa porque a alfabetização é a base de toda a educação. Sem essa etapa garantida, o país continuará colhendo baixos índices em provas internacionais como o Pisa e formando gerações com graves dificuldades de aprendizagem.

“O Brasil não pode se conformar em ter 40% das crianças sem alfabetização. O futuro delas — e do país — depende de uma resposta urgente e consistente”, conclui Mizne.

Fonte: Agência Brasil

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