Indígenas Guarani-Kaiowá ocuparam na manhã deste sábado (25) a Fazenda Ipuitã, em Caarapó (MS), e incendiaram máquinas agrícolas e a sede da propriedade. O local é alvo de disputa por terras entre indígenas e fazendeiros há mais de um mês.
Equipes da Polícia Militar, Força Nacional e Departamento de Operações de Fronteira (DOF) estão no local monitorando a área. Helicópteros também sobrevoam a região para identificar focos de incêndio.
Segundo informações iniciais, cerca de 30 indígenas participaram da ocupação. O caseiro foi expulso da sede antes do incêndio. Não há registro de feridos.
A fazenda fica próxima a uma aldeia indígena e parte do território é reconhecida oficialmente como Terra Indígena Guyraroká. No entanto, a área onde está a propriedade ainda aguarda demarcação. Os indígenas afirmam que o local faz parte de seu território ancestral; já os fazendeiros alegam se tratar de área privada.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informou que a ação foi uma medida de “autoproteção” diante de ameaças e ataques. Segundo o representante Matias Rempel, o grupo busca garantir a própria segurança após uma série de confrontos.
Na semana passada, dez indígenas foram atingidos por balas de borracha em outro ponto do município, entre eles Valdelice Veron, uma das principais lideranças da etnia.
Em nota, o Cimi denuncia que famílias indígenas vêm sofrendo ataques ilegais sem ordem judicial de reintegração de posse e reforça o pedido de proteção e aceleração da demarcação. O grupo ocupa apenas 50 hectares de um total de 11,4 mil já reconhecidos.
A área também é alvo de investigação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), que apura denúncias de uso irregular de agrotóxicos. Foram solicitadas informações a órgãos ambientais e à UFMS sobre possíveis contaminações.
Em nota oficial, a Polícia Militar informou que a ação visa “restaurar a ordem pública e garantir a segurança de pessoas e propriedades”, destacando que atua de forma “técnica, legal e proporcional”.
O processo de demarcação da Terra Indígena Guyraroká está parado no Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2016. Desde 1999, os Guarani-Kaiowá reivindicam a retomada da área, considerada sagrada por suas comunidades. (G1 MS)