O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou atrás nesta sexta-feira (24) após afirmar que traficantes seriam “vítimas” dos usuários de drogas. A fala, feita durante uma coletiva em Jacarta, na Indonésia, repercutiu mal e provocou críticas intensas, principalmente da oposição.
“Fiz uma frase mal colocada e quero deixar claro meu posicionamento contra os traficantes e o crime organizado”, escreveu Lula em uma rede social.
Durante a entrevista, o presidente comparou o combate ao tráfico no Brasil e nos Estados Unidos, dizendo que seria “mais fácil combater os viciados”. Na sequência, declarou: “Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também”. A fala foi usada por adversários políticos como exemplo de contradição e falta de firmeza no enfrentamento ao crime.
Diante da repercussão, Lula tentou minimizar o impacto das palavras e ressaltou que “mais do que palavras, importam as ações”. Ele citou operações recentes contra o crime organizado, como a Carbono Oculto, que desarticulou um esquema bilionário ligado ao PCC, e lembrou o envio da PEC da Segurança Pública ao Congresso.
Mesmo assim, a polêmica seguiu nas redes e nos bastidores políticos, reforçando críticas sobre o discurso ambíguo do presidente em temas de segurança pública.
Em nota oficial, o governo afirmou que “não tolera o tráfico de drogas” e que tem atuado com rigor e inteligência contra o crime. Segundo dados divulgados, as ações da Polícia Federal retiraram R$ 7 bilhões em bens de criminosos em 2024, e as apreensões de drogas chegaram a 850 toneladas, um recorde histórico.
Apesar da tentativa de correção, o episódio deixou marcas políticas e expôs o desconforto do Planalto com o tema — justamente em um momento em que o governo tenta reforçar sua imagem de combate firme ao crime organizado. (G1)