O narcotraficante Gerson Palermo, condenado a 126 anos de prisão e foragido há cinco anos, foi apontado como o mandante do sequestro da própria filha, uma jovem de 25 anos, libertada no sábado (25) no bairro Moreninha, em Campo Grande (MS). O crime foi uma tentativa de Palermo de recuperar uma quantia em dinheiro.
Segundo a polícia, a vítima foi sequestrada ao sair do trabalho, na região central da cidade. Ela acreditava que receberia um valor enviado pelo pai para ajudar no tratamento da avó doente. Ao entrar no carro enviado por ele, acabou rendida por dois homens e levada para um imóvel abandonado, onde sofreu agressões físicas e psicológicas.

Os sequestradores exigiram dinheiro do marido da vítima e enviaram fotos e áudios ameaçadores, dizendo que ela seria morta caso o pagamento não fosse feito. O caso foi denunciado ao Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), que iniciou as buscas.
Durante as investigações, o próprio Palermo chegou a telefonar para familiares da jovem, afirmando que nada aconteceria se “devolvessem o dinheiro”. Em uma das ligações, ameaçou dizendo que todos iriam “morrer por causa desse dinheiro”.
A vítima foi libertada horas depois e confirmou à polícia que o pai havia planejado o sequestro. Ela contou ainda que Palermo está escondido com a mãe dela na Bolívia.
Mesmo solta, os criminosos roubaram o celular e o notebook da jovem. Ao tentar recuperar os aparelhos com ajuda da mãe, a polícia conseguiu prender Reinaldo Silva de Farias, de 34 anos, reconhecido pela vítima como um dos sequestradores. Ele foi autuado por extorsão mediante sequestro, posse de arma de uso restrito e ameaça, e segue preso.
As investigações continuam para identificar outros envolvidos, inclusive um possível membro de facção criminosa.
Histórico de crimes
Gerson Palermo ganhou fama nacional em 2000, quando sequestrou um avião da Vasp e desviou a rota para o Paraná, onde pretendia roubar R$ 5,5 milhões em malotes bancários. Ele também tem condenações por tráfico de drogas e assaltos a bancos.
Em 2020, durante a pandemia, Palermo conseguiu prisão domiciliar, mas fugiu no mesmo dia em que teve o benefício revogado. Ele retirou a tornozeleira eletrônica e desapareceu, expondo falhas graves na comunicação entre o sistema prisional e o Judiciário.
Desde então, o criminoso é considerado foragido perigoso e está na lista dos mais procurados da Justiça. (CG News)