O Senado do Uruguai aprovou nesta terça-feira (15) a lei que legaliza a eutanásia em todo o país. O projeto, chamado de “Morte Digna”, foi apresentado pela coalizão governista Frente Ampla e recebeu apoio da maioria dos parlamentares. Agora, segue para sanção do presidente Yamandú Orsi, que já declarou ser favorável à proposta.
A nova lei permite que pessoas maiores de idade, mentalmente lúcidas e com doenças incuráveis ou que causem sofrimento extremo possam solicitar ajuda médica para interromper a própria vida de forma assistida. O procedimento só será realizado após o paciente expressar sua vontade por escrito, com testemunhas e acompanhamento médico.
O tema vinha sendo debatido há mais de 10 anos no país e é amplamente apoiado pela população. Uma pesquisa recente apontou que 62% dos uruguaios são favoráveis à eutanásia, enquanto apenas 24% se opõem.
Com a decisão, o Uruguai se junta a um pequeno grupo de países que já permitem a prática, como Canadá, Espanha, Nova Zelândia e Países Baixos. Na América Latina, apenas Colômbia e Equador haviam descriminalizado o procedimento.
Para a professora aposentada Beatriz Gelós, de 71 anos, que convive com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) há quase 20 anos, a aprovação representa um alívio.
“É uma lei compassiva e humana. Me daria uma paz incrível poder escolher”, declarou ela à AFP antes da votação.
Apesar da ampla aprovação, o projeto enfrenta resistência de setores religiosos e conservadores. A Igreja Católica manifestou “tristeza” com a decisão, e entidades civis alertam para riscos de vulnerabilidade de pacientes sem suporte familiar ou psicológico.
A Frente Ampla destacou que a aprovação da lei reafirma a tradição do Uruguai em liderar pautas sociais progressistas — o país já havia sido pioneiro na legalização do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo e da regulamentação da cannabis.
Com a sanção presidencial, o Uruguai dará início à regulamentação e definição dos protocolos médicos para garantir que o processo ocorra com segurança, ética e respeito à vontade dos pacientes. (G1)